A Gestalt, ou Psicologia da forma, nasceu por oposição à Psicologia do século XIX, que tinha por objecto os estados de consciência. Os gestalgistas criticam Wilhelm Wundt (1832-1920) e a sua tentativa de decompor os processos mentais nos seus elementos mais simples. Reagem contra esta concepção atomista e associacionista, invertendo o processo explicativo.
A teoria, criada pelos psicólogos alemães Max Wertheimer (1880-1943), Wolfgang Köhler (1887-1967) e Kurt Koffka (1886-1940) defende que a psicologia deveria decompor os processos conscientes nos seus elementos constituintes e enunciar as leis que regem as suas combinações e relações. Os elementos mais simples seriam as sensações que, associadas, somadas, constituiriam a percepção. Enquanto os associacionistas partem das sensações elementares para construir as percepções, os gestaltistas partem das estruturas, das formas, defendendo que nós percepcionamos conjuntos organizados em totalidades. A teoria da forma defende que os fenómenos são percepcionados no seu todo, ou seja, sem haver uma dissociação dos seus elementos contextuais e parte deste todo para explicar as partes (enquanto que os associacionistas partiam das partes para explicar o todo).
“O todo é diferente da soma das partes”, é a expressão que caracteriza esta teoria de origem alemã.
Os fundadores da Gestalt consideravam o objectivo da Psicologia como sendo o estudo da experiência de um organismo, no seu todo, com ênfase na percepção, ocupando-se da análise dos elementos essenciais que existem nos processos de organização, reunindo os elementos da experiência numa unidade complexa. Também defendiam que o conhecimento do mundo e o nosso comportamento dependem e variam de acordo com aquilo que percepcionamos.
A ideia fundamental da Gestalt incide na tendência que nós, seres humanos, temos em vermos a figura com tendo boa qualidade sob as condições de estímulos, sendo por isso designada por lei da boa forma. Esta Gestalt define-se como sendo simétrica, simples, estável e organizada
Podemos, então, definir como princípios desta doutrina:
Emergência - Percepção da emergência da totalidade precede a identificação das partes
Construção generativa - "O todo é mais do que a soma das partes"
Multi-estabilidade - As experiências perceptíveis ambíguas são alternadamente globais e multi-estáveis
Invariância - Percepção dos objectos geométricos é invariante relativamente à distância e à perspectiva visual
Leis da Gestalt
Observando-se o comportamento espontâneo do cérebro durante o processo de percepção, chegou-se à elaboração de leis que regem esta faculdade de conhecer as formas, facilitando a compreensão das imagens e ideias. Os elementos constitutivos são agrupados de acordo com as características que possuem entre si, como semelhança, proximidade, entre outras. Estas normas podem ser resumidas como:
Segregação/figura-fundo - tendência para organizar as percepções do objecto que está a ser visto e do fundo sobre o qual ele aparece.
Proximidade – diz que perante elementos diversos, o ser humano tem tendência a agrupar aqueles que se encontram mais próximos. Objectos mais próximos uns dos outros inclinam-se a ser vistos como um grupo.
Semelhança – diz que perante elementos diversos, o ser humano tem tendência a agrupa-los por semelhanças. Objectos semelhantes tendem a permanecer juntos, seja nas cores, nas texturas ou nas impressões de massa destes elementos. Esta característica pode ser usada como factor de harmonia ou de desarmonia visual.
Pregnância - diz que todas as formas tendem a ser percebidas no seu caráter mais simples: uma espada e um escudo podem tornar-se uma recta e um círculo, e um homem pode ser um aglomerado de formas geométricas. É o princípio da simplificação natural da percepção. Quanto mais simples, mais facilmente é assimilada: desta forma, a parte mais facilmente compreendida num desenho é a mais regular, que requer menos simplificação. É o postulado da simplicidade natural da percepção, para melhor assimilação da imagem. É praticamente a lei mais importante.
(Boa) continuidade - há uma tendência para conectarmos os elementos de modo que eles apreçam contínuos ou flui numa dada direcção.
Área - A menor de duas figuras sobrepostas tende a ser interpretada como figura sobre a outro, enquanto a outra será entendida como fundo. Simetria - diz que perante elementos diversos, mesmo que distantes, o ser humano tende percepcioná-los com formas simétricas.
Fecho - o conceito relaciona-se com o fecho visual, como se completássemos visualmente um objeto incompleto. Ocorre geralmente quando o desenho do elemento sugere alguma extensão lógica.
Destino comum - objectos com movimento semelhante são percebidos em grupo.
Outros
Fontes:
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