“Praticamente tudo o que os nossos olhos veêm é comunicação visual, uma nuvem, uma flor, um desenho técnico, um sapato, um panfleto, uma libélula, um telegrama (excluindo o conteúdo), uma bandeira. Imagens que, como todas as outras, têm um valor diferente segundo o contexto em que estão inseridas, dando informações diferentes.”
Bruno Munari in Design e Comunicação Visual

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Elementos básicos e técnicas da comunicação visual | Trabalho Final

“Sempre que alguma coisa é projectada e feita, esboçada e pintada,
desenhada, rabiscada, construída, esculpida ou gesticulada,
a substância visual da obra é composta a partir de uma lista básica de elementos”.

Donis A. Dondis

A primeira proposta de trabalho tinha por objectivo a elaboração de uma composição que fosse a interpretação visual da música por nós escolhida para tema. Esta devia ser constituída pelos elementos básicos da comunicação visual, organizados segundo as técnicas da comunicação visual.
Donis A. Dondis refere na sua obra A sintaxe da linguagem visual que “os elementos visuais constituem a substância básica daquilo que vemos, o seu número é reduzido: o ponto, a linha, a forma, a direcção, o tom, a cor, a textura, a forma, a escala e o movimento”.
Um desafio enorme, principalmente quando aliado aos famosíssimos concertos As Quatro Estações de Vivaldi.
A grande aposta foi na força da cor. Por isso, comecei por desenvolver um dégradé que permitisse estabelecer um continuum quando os quadrados estivessem unidos, pela ordem natural das estações do ano: Primavera, Verão, Outono e Inverno.


Depois, foi dar asas à imaginação e utilizar os elementos básicos e as técnicas da comunicação visual como meios de expressão. Vejamos!

Primavera



Memória Descritiva
Na composição da Primavera tentei ressaltar a sua principal característica: o reflorescimento da flora e da fauna terrestres. As cores utilizadas expressam a vida das flores, o frescor das árvores viçosas, o colorido que marca a estação. Cores suaves que espelham a suavidade da Primavera e dos acordes da música. A sua junção gera uma estética alegre e completa, provocando assim uma sensação de leveza, tranquilidade e, ao mesmo tempo, uma breve agitação.
O tom vem reforçar a cor e imprimir luminosidade e dimensão.
A linha foi também utilizada. As linhas, simulando flores, esvoaçam levadas pela brisa, definindo trajectórias e despertando a sensação de movimento e liberdade dentro da composição.
O movimento, sem dúvida, marca presença na composição, com o fim de transmitir a cadência da música, langorosa, só interrompida pelo "ladrido" do violino, bem como a clareza, a simplicidade.
A direcção, quer horizontal-vertical (utilizada no quadrado), quer a curva (no círculo) foi tida em conta. A referência horizontal-vertical foi utilizada pelo seu carácter de bem-estar e estabilidade em todas as questões visuais. A referência curva foi utilizada pelo seu significado associado à abrangência e repetição, os quais se ligam a repetição de tons e sensações provocados pela música.
No que diz respeito às técnicas da comunicação visual, foi utilizada nesta composição a simplicidade, técnica visual que envolve a imediatez e a uniformidade da forma elementar, livre de complicações ou elaborações secundárias. Actividade e espontaneidade são também bem visíveis na composição, como técnicas intrínsecas ao movimento, liberdade, estímulo e energia, muito próprios deste concerto. No âmbito da coerência e uniformidade surge ainda a estabilidade.

Verão


Memória Descritiva
Verão é calor, sol abrasador e, muitas vezes, dias de tempestade. "Mas os ventos ameaçadores de norte subitamente aparecem / o pastor treme temendo a violenta tempestade e o seu destino" (excerto do poema que acompanha o concerto). Daí as cores fortes e vivas, em tonalidade ascendente de intensidade. Trata-se de uma composição tonal que pretende transmitir calor, luz.
Como contraste à languidão inicial surgem as linhas fortes e irrequietas que marcam a tempestade que eclode no terceiro movimento. Este elemento básico alia-se aos acordes do violino furioso e traça a trajectória do tempo.
O movimento está implícito na composição, com o fim de transmitir a cadência da música e a violência dos relâmpagos.
Tal como nas composições da Primavera, as direcções horizontal-vertical e curva foram tidas em conta. No quadrado, a tempestade surge do topo, enquanto que no círculo é do centro que saem os raios.
Relativamente às técnicas da comunicação visual, foi utilizada nesta composição a instabilidade, formação visual extremamente inquietante e provocadora, bem como a profusão, no sentido de realçar a direcção e intensificar a violência da tempestade.
Actividade e espontaneidade estão também patentes na composição, como técnicas intrínsecas ao movimento, liberdade, estímulo e energia, muito próprios deste concerto. Por fim, surge a agudeza, através da utilização de contornos rígidos.

Outono



Memória Descritiva
Na dança das notas e dos camponeses para celebrar a colheita surge a composição visual do Outono. Esta é a estação, por excelência, da queda das folhas e das frutas que já estão maduras. A cor assume, aqui também, um papel importantíssimo. O castanho, cor da Terra, significa maturidade, consciência e responsabilidade, mas igualmente, conforto, estabilidade e simplicidade. Já o vermelho, cor quente e viva, representa a cor das folhas e dos frutos que caem das árvores para renascerem na Primavera.
O tom vem reforçar a cor e imprimir luminosidade e dimensão.
A linha utilizada para simular as folhas, caem conduzidas pelo vento outonal, definindo trajectórias e despertando a sensação de movimento e liberdade dentro da composição.
O movimento está também presente na composição, com o fim de transmitir a cadência da música alegre e compassada.
A direcção horizontal-vertical (utilizada no quadrado), e a curva (no círculo) determinou a orientação da queda das folhas. No quadrado, estas caem desordenadamente de cima para baixo. Já no círculo, as folhas acompanham, na sua queda, o contorno circular.
No que diz respeito às técnicas da comunicação visual, foi utilizada nesta composição a simplicidade, técnica visual uniforme, livre de complicações ou elaborações secundárias. Actividade e espontaneidade são também visíveis na composição, como formações visuais que sugerem movimento e liberdade. A estabilidade surge na sequência da procura da coerência e da uniformidade na composição visual.

Inverno


Memória Descritiva
O Inverno traz consigo o frio e o "bater de dentes". Nesta composição, a cor azul, a mais fria das cores frias, na sua gradação tonal remete-nos para o gelo, para o frio impresso pelos ventos invernais. O cravo e o violino marcam o compasso com notas cortantes como o vento gélido.
Numa composição mais estática, comparativamente com as restantes, a linha grossa e forte assume um papel preponderante, formando uma "mancha de gelo" que penetra profundamente na imagem.
Também a direcção, quer horizontal-vertical (utilizada no quadrado), quer curva (no círculo) foi utilizada intencionalmente. A referência horizontal-vertical pode verificar-se na mancha gelada colocada no topo e no fundo do quadrado. Já no círculo esta é circular.
A simplicidade foi uma das técnicas da comunicação visual utilizadas, marcada pela uniformidade da forma elementar, livre de complicações ou elaborações secundárias. A estabilidade também marca presença na composição, no âmbito da coerência e uniformidade imagética.

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