“Praticamente tudo o que os nossos olhos veêm é comunicação visual, uma nuvem, uma flor, um desenho técnico, um sapato, um panfleto, uma libélula, um telegrama (excluindo o conteúdo), uma bandeira. Imagens que, como todas as outras, têm um valor diferente segundo o contexto em que estão inseridas, dando informações diferentes.”
Bruno Munari in Design e Comunicação Visual

quarta-feira, 4 de maio de 2011

That's INFOGRAFIA

Do ponto de vista etimológico, o termo infografia procede da união da informação e do gráfico, do grafismo.
Antonio Piñuela Perea (1994) considera que “a infografia é o processo que gera gráficos e ilustrações como um elemento informativo global e independente de um jornal ou revista”.
Para Piñuela, a infografia já existia antes mesmo que se inventassem os computadores, embora avançasse e melhorasse com a chegada dos mesmos. Ele também utiliza a seguinte definição: “a infografia é a criação e/ou a manipulação da imagem usando o computador e cujas aplicações podem ser orientadas para diversos campos” (1993).
Para Félix Pacho Reyero (1992) a infografia seria “um tratamento gráfico original e da história da informação por meios computadorizados”. Mas no final das contas, a infografia é “a aplicação do grafismo à comunicação” (DELICADO, Javier, 1991).
Mas na sua definição mais simples, infografia é a apresentação impressa do binómio imagem + texto, qualquer que seja a base – impressa, online ou televisiva. Outras definições adicionam mais detalhes. Infográfico, infograma ou mesmo diagrama é uma expressão gráfica contendo factos ou acontecimentos, a explicação de como algo funciona, ou a informação de como é uma coisa (Peltzer, 1991).
Enfim, infografias são quadros informativos que misturam texto e ilustração para transmitir uma informação visualmente. Ao invés de narrar utilizando apenas palavras, o infográfico mostra a notícia como ela é, com detalhes relevantes e forte apelo visual.

A infografia é, no fundo, a representação visual e pictórica de dados e estatísticas.
É possível, então, dizer que a infografia é uma espécie de "desenho da informação" - este, no seu sentido mais amplo, consiste na selecção, organização e apresentação da informação para uma determinada audiência. (Wildbur e Burke, 1998)
A informação em si pode remeter-se praticamente a qualquer campo, desde mapas históricos até um conjunto de dados estatísticos.


Jornalismo para os artistas e arte para os jornalistas
A ilustração técnica e informativa é uma forma diferente e interactiva de informar o leitor. Quando bem aplicada, melhora a recepção do público a um determinado assunto.
Na área de jornalismo a infografia tende a ser usada para a descrição e narração. É comum descrever como aconteceu um facto e as suas consequências utilizando um infograma.
Como disse Michael Keegan (director de arte do Washington Post, em entrevista para Gemma Ferreres, 1994): “Os infográficos não são somente para decorar a página. São cuidadosamente planeados para esclarecer uma informação na história”.
O objectivo primordial é informar melhor o leitor utilizando gráficos e ilustrações. Esses diagramas são usados onde a informação precisa ser explicada de forma mais dinâmica, entre outras necessidades, como em mapas, notícias jornalísticas (em jornal, revista, web ou televisão) e manuais técnicos, educativos ou científicos.
Javier Delicado (1991), um dos defensores desta postura, crê que não podemos considerar a infografia como arte, pois “as suas metas não são espirituais e sim comunicativas”. Para este autor a infografia é antes de tudo “um fenómeno comunicacional, uma forma de pré-digerir a informação graficamente para facilitar sua assimilação”. Ou seja, o objectivo é facilitar ao máximo ao receptor a mensagem que é enviada. E isso é feito de forma gráfica e ilustrada, com o intuito principal de educar.


A infografia no Jornalismo
Com os jornais a popularizar a informação gráfica, a infografia teve a sua importância aumentada progressivamente como um complemento para melhor explicar alguns pontos de vista apontados no texto. Um marco para o desenvolvimento da infografia no jornalismo mundial foi a Guerra do Golfo Pérsico, pois foi quando a ausência de fotografias para adição de informação exigia algo mais para complementar a notícia (De Pablos, 1999).
O uso de diagrama foi um recurso adoptado pela maioria dos jornais, dando início ao conceito Infojornalismo. O chefe de infografia do jornal El Pais, Jordi Clapers, considera que a infografia é uma representação visual e sequencial da notícia, informação, facto, acontecimento ou tema jornalístico. Já para Raymond Colle (1993) uma infografia é uma unidade espacial que utiliza combinação de códigos icónicos e verbais para dar uma informação ampla e precisa, para a qual um discurso verbal resultaria mais complexo e requereria mais espaço.

Elementos básicos da infografia
A estrutura básica de uma infografia deve conter Título, Texto, Corpo e Fonte (Leturia, 1998), responder às questões básicas de construção da notícia e conter elementos de uma narração (Borras e Caritá, 2000).
O Título deve expressar o que está contido no quadro.
O Texto serve para fazer compreender, mas não ser redundante à matéria.
O Corpo é a própria informação visual – as imagens, as fotos ou as figuras numeradas.
A Fonte é o que garante a fidelidade, a veracidade da informação.


Quando utilizar
A infografia tem como papel facilitar a comunicação, estender o potencial de entendimento pelos leitores, permitir uma visão geral dos acontecimentos e detalhar informações menos familiares ao público.
É perceptível que os grandes acontecimentos – tais como guerras, catástrofes e descobertas científicas – merecem um tratamento infográfico maior nos meios de comunicação. Mas é necessário lembrar que não se deve infografar sempre. Há alguns casos em que o jornalista deve fazer o uso da infografia, como quando não há fotografias referentes à notícia ou quando a fotografia existente não passa informação suficiente; quando a notícia se encontra rodeada de mistério; para dar uma explicação mais detalhada, minuciosa; para mostrar o interior de uma construção; quando o acontecimento tem relação com um movimento (como por exemplo, um acidente); para explicar um desporto; para informar fenómenos espaciais ou naturais; para destacar, salientar detalhes; para divulgar factos culturais tais como um espectáculo circense; para apresentar um estratégia usada por um exército; para aconselhar e alertar a população sobre os perigos de certas atitudes; para comparar tamanhos e dimensões; etc…
De acordo com Jordi Clapers (1998), se a síntese coerente de uma notícia for o conteúdo da infografia, qualquer tema jornalístico pode ser infografado. E uma boa infografia é aquela que gera sentido independentemente do artigo, sem ser redundante quando aliado a um texto, buscando sempre outra visão, outra perspectiva, auxiliando o leitor a compreender o conteúdo da notícia e permite uma leitura facilitada juntamente a uma generalidade do assunto.
Roger Cook, presidente da Cook & Shanosky Associates, diz que a missão do infografista se resume em ‘Informar com Impacto’. Para isso, sempre haverá obstáculos a serem ultrapassados. Se o diagrama atrapalhar a mensagem do cliente, então obviamente houve uma falha. Se o leitor não conseguir capturar a informação em frações de segundos, então a missão falhou. Não importa quão trabalhada e atrativa seja a tabela, o gráfico, o mapa ou o pictograma. É imprescindível que haja uma conexão veloz entre o olho e o cérebro que não atrapalhe o entendimento.

“Diagramas são uma linguagem alternativa que traduz complexidade em clareza em um tempo que as pessoas esquematizam mais e lêem menos. Na verdade, por mais que alguém possa tentar resistir, estamos gradualmente transformando-nos de uma sociedade baseada na escrita para uma sociedade visualmente orientada” (Cook, 1996).

Por fim, Richard Saul Wurman, designer gráfico, diz que “o reino do entendimento é governado por um imperador, o Infográfico”. E que nos diagramas, a complexidade é digerida em clareza, o tempo é feito para ser parado e observado em uma linha de tempo, coisas de valores incomparáveis se tornam comparativas para serem analisadas e as localidades se tornam facilmente orientáveis.

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