“Praticamente tudo o que os nossos olhos veêm é comunicação visual, uma nuvem, uma flor, um desenho técnico, um sapato, um panfleto, uma libélula, um telegrama (excluindo o conteúdo), uma bandeira. Imagens que, como todas as outras, têm um valor diferente segundo o contexto em que estão inseridas, dando informações diferentes.”
Bruno Munari in Design e Comunicação Visual

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Cor | Trabalho final

The whole world, as we experience it visually,
comes to us through the mystic realm of color.
Hans Hofmann (1880-1966)

Original

Modificado



Memória Descritiva

A terceira proposta de trabalho consiste na alteração de cor, dando novos significados às imagens escolhidas. Assim se torna perceptível a importância desse elemento na comunicação visual.
A fotografia original apresenta cores vivas e quentes como o vermelho das flores, o azul apaziguador do céu e o verde fulgurante da relva. O vermelho é a cor da paixão e do sentimento. Simboliza o amor, o desejo. O azul transmite a ideia de subtileza, mas também do ideal e do sonho. Esta cor alia-se ao espírito e ao pensamento. A cor verde representa o frescor, a esperança e a calma. Cores que concorrem para a formação de um cenário idílico, dominado pela vida, pela liberdade, pela espontaneidade, pela paz, reveladora de tranquilidade.

Na fotografia manipulada optei por priveligiar os tons de cinza, conotados com o medo, a depressão, o desânimo, a natureza morta. O púrpura das flores corrobora estes sentimentos. O azul e o verde, antes vivos, apresentam-se agora esbatidos, carregados no seu simbolismo de soturnidade.

De uma imagem alegre, viva, que transparece liberdade e confiança surge uma outra bastante mais misteriosa, oculta, que inquieta e intimida.




Original

Modificado


Memória Descritiva

A segunda proposta de alteração de cor é a capa da revista Visão, de 8 a 14 de Janeiro de 2009. O destaque principal "Tragédia sem fim" remete-nos para o conflito entre Israel e o Hamas.

Recorde-se que as Forças de Defesa de Israel iniciaram a 27 de Dezembro de 2008 uma ofensiva contra a faixa de Gaza, território palestino com 1,5 milhão de habitantes dominado pelo grupo radical islâmico Hamas. O objectivo declarado da operação é eliminar a capacidade do Hamas de atacar as cidades israelitas próximas à fronteira.
Os bombardeios começaram oito dias depois do fim de uma trégua de seis meses (iniciada em Junho de 2008) mediada pelo Egipto, que não foi renovada, no meio a acusações mútuas de desrespeito aos termos do acordo.

Por se tratar de um assunto sério, de contornos trágicos, a Visão produziu uma capa sóbria, simples, com lettering preto, em fundo branco. O preto está, neste caso, associado à ideia de morte, luto ou terror e o branco, na sua simplicidade pacificadora, complementa o quadro imagético pretendido. Já o vermelho forte e vivo é apanágio da marca Visão.
As cores desta capa, em si mesmas, representam a integridade, a confiança, a sociabilidade, a sobriedade, a cautela e o idealismo.
Alterar a cor do lettering Visão é desmanchar a idiossincrasia da capa. De facto, as letras vermelhas são a imagem da marca. Daí ter sido a minha primeira alteração. O vermelho foi substituído pelo azul, bastante mais frio. De seguida substituí o preto das parangonas, pelo rosa, contrariamente mais quente. Portanto, inverter o papel das cores. O background "pintei-o" de azul claro para dar à capa um ar mais alegre, em contrante com a ambiência negra transmitida pela fotografia. Desta forma, todo o sentido da imagem fica disconexo e irónico.



Original

Modificado


Memória Descritiva

Os cartazes publicitários da Benetton ficarão para a história e serão reconhecidos em qualquer parte do mundo pela sua publicidade irreverente. A Benetton não foge aos assuntos quentes da actualidade e utiliza-os frequentemente para incorporar os seus cartazes com mensagens fortes de crítica social. Assuntos como o racismo, a discriminação sexual ou a violência doméstica são várias vezes atacados na publicidade da Benetton, normalmente reforçada por imagens fortes e penetrantes.
O cartaz alvo de modificação, datado de 1994, representa a roupa de um jovem soldado bósnio morto em combate. Tal como é característico das campanhas deste anunciante, a linguagem, apesar de ser apenas visual, é violenta. No caso apresentado, o cartaz foca o tema da guerra e alerta para o perigo da participação nesta.
A t-shirt e as calças de um jovem soldado estão tingidas de sangue e a t-shirt apresenta ainda um buraco resultante de um tiro. O vermelho do sangue assume preponderância nesta construção imagética, remetendo para a violência, a agressividade e o poder. Ao substituí-lo a imagem perde toda a carga simbólica intrínseca. O azul escuro, conotado com a tibiez, a falta de coragem ou a monotonia vem alterar profundamente a mensagem.

Também as calças, agora pinceladas de verde, rosa e vermelho, deixam de ter o padrão próprio do serviço militar para possuir uma mescla de tons coloridos e irreverentes, próprios da juventude. Um conjunto que em nada aponta para a mensagem inicial, mas para um look descontraído, marcado pelo colorido e pela mistura alegre de tons.

A última alteração foi feita na cor do logótipo da Benetton. O rectângulo verde característico da marca foi substituído pelo cinza que faz com que este não seja imediatamente reconhecido.

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