“Praticamente tudo o que os nossos olhos veêm é comunicação visual, uma nuvem, uma flor, um desenho técnico, um sapato, um panfleto, uma libélula, um telegrama (excluindo o conteúdo), uma bandeira. Imagens que, como todas as outras, têm um valor diferente segundo o contexto em que estão inseridas, dando informações diferentes.”
Bruno Munari in Design e Comunicação Visual

sábado, 16 de abril de 2011

Fisiologia da Cor

A luz penetra no olho humano através da córnea, que é um revestimento exterior transparente, pela pupila. Em função da maior ou menor quantidade de luz, os músculos da íris contraem-se ou expandem-se para controlar esta entrada de luz. A luz admitida passa a ser captada por três elementos refractores: o humor aquoso, o cristalino e o humor vítreo. É na parte posterior do olho que encontramos uma quantidade de células especializadas e dispostas em camadas que formam a chamada retina. A camada mais importante deste sistema para o reconhecimento cromático é constituída por uns fotoreceptores denominados de bastonetes e cones, assim chamados pelas formas que apresentam.
Os 120.000.000 bastonetes que formam a camada da retina de um olho permitem, com pouca luz, distinguir as formas sem definição das suas cores. Os 5.000.000 cones contêm três tipos diferenciados de pigmentos sensíveis à luz para perceberem os comprimentos de ondas electromagnéticas largos (gama dos vermelhos), médios (gama dos verdes) e curtos (gama dos azuis/violeta), necessitando de maior quantidade de luz para a percepção das tonalidades. É por isso que na ausência de luz não possuímos sensações cromáticas porque os cones necessitam dela
para operarem (ZUPPIROLI, 2001).
Esquema das conexões na retina
Fonte: ZUPPIROLI, 2001


Foi o físico inglês Thomas Young que em 1801, na obra “On the Theory of Light and Colours”, avançou com a teoria tricromática em que todas as sensações de cor eram formadas pela reacção dos três comprimentos de ondas electromagnéticas presentes nos cones, teoria esta desenvolvida pelo físico alemão Herman von Helmholtz (Handbook of Physiological Optics, 1856/66) e enunciada pelo cientista James Maxwell.

Corte do olho humano - Thomas Young Traité de Philosophie Naturelle
Fonte: ZUPPIROLI, 2001

Na presença da luz os pigmentos sensíveis dos dois elementos, acima referidos, bastonetes e cones, transmitem mensagens electroquímicas, através do nervo óptico, para o córtex visual do cérebro que converte em imagens com forma, volume, escala, cor, etc.
No caso da leitura cromática, as células ditas ganglionárias associadas aos cones, criam impulsos de frequências variadas na visão, discriminando eficazmente o vermelho do verde, o azul do amarelo e o branco do negro, inibindo um e activando outro. A cor violeta, por exemplo, surge da activação lumínica dos cones vermelhos e inibição dos verdes em conjunto com a activação dos azuis por inibição dos amarelos. Por isso, na percepção cromática não existe a cor vermelha-esverdeada nem a cor amarela-azulada (KRAUSKOPF, 1998).
Estudos elaborados pelos neurofisiologistas David Hubel (Anatomy and Physiology of a Color System in the Primate Visual Cortex, 1984) e Semir Zeki (Inner Vision, 1999) sobre o córtex visual do cérebro trouxeram contributos importantes no campo científico para a compreensão da especialização funcional das partes que compõem o cérebro no tratamento da informação visual.
Em experiências feitas por Edwin Land (The Retinex Theory of Color Vision, 1977) verificou-se a existência de mecanismos no cérebro humano que operam de maneira diferente de uma máquina fotográfica que necessita de filmes ou filtros especiais para registar a mesma cor ao longo do dia, ao contrário da visão humana que consegue ver a mesma cor num edifício, independentemente da variação lumínica, por exemplo, pela manhã e ao fim da tarde. A esta constância cromática, Land associou o resultado de actuação conjunta entre o aparato perceptivo do córtex visual do cérebro e os fotoreceptores da retina do olho (NASSAU, 1998).
Para compreender na sua totalidade a cor, é importante conhecer a influência psicológica que esta exerce no comportamento do indivíduo, o que a seguir se descreve.
Fontes:

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