“Praticamente tudo o que os nossos olhos veêm é comunicação visual, uma nuvem, uma flor, um desenho técnico, um sapato, um panfleto, uma libélula, um telegrama (excluindo o conteúdo), uma bandeira. Imagens que, como todas as outras, têm um valor diferente segundo o contexto em que estão inseridas, dando informações diferentes.”
Bruno Munari in Design e Comunicação Visual

quarta-feira, 16 de março de 2011

Meanwhile...

Entretanto... o trabalho vai evoluindo a bom ritmo. Já fiz os quadrados referentes a cada uma das Quatro Estações e os círculos estão em fase de acabamento. O resultado final agrada-me bastante. Acho que consegui atingir o meu objectivo: olhar para as diferentes composições e ver lá espelhado o que sinto quando ouço a obra em questão.

Para tal, contribuíram em muito os poemas e os vídeos que servem de complemento a cada uma das estações. Trata-se do melhor entendimento e fruição da obra, adicionando-se importantes elementos para alcançar as cenas imaginadas por Vivaldi. São quatro, um para cada concerto. O casamento entre poesia e música é tão perfeito que se reforça a presunção de autoria em relação a Vivaldi.


Primavera (Allegro-Largo-Allegro)
No largo da "Primavera", o texto conta como o "pastor de cabras adormeceu com seu leal cão ao lado"; a música langorosa só é interrompida pelo "ladrido" da viola.

A Primavera chegou
Os pássaros celebram a sua chegada com canções festivas
e riachos murmurantes são docemente afagados pela brisa
Relâmpagos, esses que anunciam a Primavera,
rugem, projectando o seu negro manto no céu,
para depois se desfazerem em silêncio
e os pássaros mais uma vez retomam as suas encantadoras canções.

No prado cheio de flores com ramos cheios de folhas
os rebanhos de cabras dormem e o fiel cão do pastor dorme a seu lado.

Levados pelo som festivo de rústicas gaitas de foles,
ninfas e pastores dançam levemente sobre a brilhante festa da Primavera.



Verão (Allegro Non Molto-Adagio/Presto-Presto)
O sol abrasador atinge os camponeses, mas uma tempestade se anuncia, eclodindo no terceiro movimento, numa furiosa chuva de granizo acompanhada pelo crepitar de uma rápida passagem ornamental na orquestra e no solo.

Sobre uma estação dura
de um sol escaldante o homem descansa,
descansa o rebanho e queima o pinheiro
Ouvimos a voz do cuco;
ouvem-se então as canções doces da pomba
Doces aragens agitam o ar...
Mas os ventos ameaçadores de norte subitamente aparecem
o pastor treme temendo a violenta tempestade e os seu destino.

O medo dos relâmpagos e ferozes trovões
roubam o descanso aos seus membros cansados
As moscas voam zumbindo furiosamente
Infelizmente os seus receios estavam justificados
os trovões rugem e majesticamente cortam o milho e estragam o grão.



Outono (Allegro-Adagio Molto-Allegro)
O "Outono" abre com uma dança camponesa para celebrar a colheita e conclui com uma caça, que culmina na morte de um veado selvagem.

O camponês celebra com canções e danças
a felicidade de uma boa colheita.
Instigado pelo licor de Bacus,
muitos acabam a festa dormindo.

Todos esquecem as suas preocupações e cantam e dançam
O ar está temperado com prazer e
pela estação que convida tantos, tantos
a saírem do seu recobro para participarem e se divertirem.

Os caçadores aparecem com a madrugada
com trompetes e cães e espingardas começando a sua caçada
A caça foge e eles seguem o seu rasto
Aterrorizada e cansada de tanto ruído
de espingardas e cães, a caça, ferida, morre.



Inverno (Allegro Non Molto-Largo-Allegro)
Finalmente, o "Inverno" descreve primeiro o frio e o bater de dentes, depois momentos calmos junto ao fogo e, enfim, a alegria temerária de deslizar no gelo quebradiço e ouvir o assobio dos ventos invernais.

Tremendo de frio, no meio de cortantes ventos
os dentes tremem de frio.

Descansa contente na sala
enquanto os que estão fora são atingidos pela chuva que não pára.

Andamos com cuidado no caminho gelado com medo de escorregar e cair
depois voltamos abruptamente e com cuidado, mas caímos no chão e
atravessamos o gelo enquanto não se quebra
voltamos a sentir o cortante vento norte apesar das portas fechadas
isto é o Inverno que não obstante tem as suas delícias.


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