As técnicas visuais oferecem ao designer uma grande variedade de meios para a expressão visual do conteúdo. Existem como polaridades de um continuum, ou como abordagens desiguais e antagónicas do significado.
Equilíbrio / Instabilidade
Depois do contraste, o equilíbrio é o elemento mais importante das técnicas visuais. A sua importância fundamental baseia-se no funcionamento da percepção humana e na enorme necessidade de sua presença, tanto no design quanto na reacção diante de uma manifestação visual. O seu oposto é a instabilidade. O equilíbrio é uma estratégia de design em que existe um centro de suspensão a meio caminho entre dois pesos. A instabilidade é a ausência de equilíbrio e uma formulação visual extremamente inquietante e provocadora.
Simetria / Assimetria
O equilíbrio pode ser obtido numa manifestação visual de duas maneiras: simétrica e assimetricamente. Simetria é uma formulação visual totalmente resolvida, em que cada unidade situada de um lado de uma linha central é rigorosamente repetida do outro lado. Trata-se de uma concepção visual caracterizada pela lógica e pela simplicidade absolutas. O seu oposto é a ssimetria.
Regularidade / Irregularidade
A regularidade no design constitui o favorecimento da uniformidade dos elementos, e o desenvolvimento de uma ordem baseada em algum princípio ou método constante e invariável. O seu oposto é a irregularidade que, enquanto estratégia de design, enfatiza o inesperado e o insólito, sem ajustar-se a nenhum plano decifrável.
Simplicidade / Complexidade
A simplicidade é uma técnica visual que envolve a imediatez e a uniformidade da forma elementar, livre de complicações ou elaborações secundárias. A sua formulação visual oposta, a complexidade, compreende uma complexidade visual constituída por inúmeras unidades e forças elementares, e resulta num difícil processo de organização do significado no âmbito de um determinado padrão.
Unidade / Fragmentação
As técnicas de unidade e fragmentação são parecidas com as da simplicidade-complexidade. A unidade é um equilíbrio adequado de elementos diversos numa totalidade que se percebe visualmente. A fragmentação é a decomposição dos elementos e unidades de um design em partes separadas, que se relacionam entre si mas conservam seu carácter individual.
Economia / Profusão
A presença de unidades mínimas de meios de comunicação visual é típica da técnica da economia, que contrasta de muitas maneiras com seu oposto, a técnica da profusão. A economia é uma organização visual parcimoniosa e sensata na sua utilização dos elementos. A profusão é carregada em direcção a acréscimos discursivos infinitamente detalhados a um design básico.
Minimização / Exagero
A minimização e o exagero são os equivalentes intelectuais da polaridade economia-profusão. A minimização é uma abordagem muito abrandada, que procura obter do observador a máxima resposta a partir de elementos mínimos. O exagero recorre a um relato profuso e extravagante, ampliando sua expressividade para muito além da verdade, na sua tentativa de intensificar e amplificar.
Previsibilidade / Espontaneidade
A previsibilidade sugere, enquanto técnica visual, alguma ordem ou plano extremamente convencional. A espontaneidade, por outro lado, caracteriza-se por uma falta aparente de planeamento. É uma técnica saturada de emoção, impulsiva e livre.
Actividade / Estase
A actividade reflecte o movimento através da representação ou da sugestão. A postura enérgica e estimulante de uma técnica visual activa vê-se profundamente modificada na força imóvel da técnica de representação estática, a qual, através do equilíbrio absoluto, apresenta um efeito de repouso e tranquilidade.
Subtileza / Ousadia
A subtileza sugere uma abordagem visual delicada e de extremo requinte. A ousadia é, por sua própria natureza, uma técnica visual óbvia. Deve ser utilizada pelo designer com audácia, segurança e confiança, uma vez que seu objectivo é obter a máxima visibilidade.
Neutralidade / Ênfase
A neutralidade é a configuração menos provocadora de uma manifestação visual. Muito pouco da atmosfera de neutralidade é perturbada pela técnica da ênfase, em que se realça apenas uma coisa contra um fundo em que predomina a uniformidade.
Transparência / Opacidade
As polaridades técnicas de transparência e opacidade definem-se mutuamente em termos físicos: a primeira envolve detalhes visuais através dos quais se pode ver, de tal modo que o que lhes fica atrás também nos é revelado aos olhos; a segunda é exactamente o contrário, ou seja, o bloqueio total, o ocultamento dos elementos que são visualmente substituídos.
Estabilidade / Variação
A estabilidade é a técnica que expressa a compatibilidade visual e desenvolve uma composição dominada por uma abordagem temática uniforme e coerente. A variação oferece diversidade e sortimento.
Exactidão / Distorção
A exactidão é a técnica natural da câmara, a opção do artista. A distorção adultera o realismo, procurando controlar os seus efeitos através do desvio da forma regular, e, em alguns outros casos, até mesmo da forma verdadeira.
Planura / Profundidade
Estas duas técnicas são basicamente regidas pelo uso ou pela ausência de perspectiva, e são intensificadas pela reprodução da informação ambiental através da imitação dos efeitos de luz e sombra, com o objectivo de sugerir ou de eliminar a aparência natural de dimensão.
Singularidade / Justaposição
A singularidade equivale a focar, numa composição, um tema isolado e independente, que não conta com o apoio de quaisquer outros estímulos visuais. A justaposição exprime a interacção de estímulos visuais, colocando duas sugestões lado a lado e activando a comparação das relações que se estabelecem entre elas.
Sequencialidade / Acaso
No design, uma ordenação sequencial baseia-se numa representação disposta numa ordem lógica. Uma técnica casual deve sugerir uma ausência de planeamento, uma desorganização intencional ou a apresentação acidental da informação visual.
Agudeza / Difusão
A agudeza como técnica visual está estreitamente ligada à clareza do estado físico e à clareza de expressão. Através da precisão e do uso de contornos rígidos, o efeito final é claro e fácil de interpretar. A difusão é suave, preocupa-se menos com a precisão e mais com a criação de uma atmosfera de sentimento e calor.
Repetição / Episodicidade
A repetição corresponde às conexões visuais ininterruptas que têm importância especial em qualquer manifestação visual unificada. As técnicas episódicas indicam, na expressão visual, a desconexão, ou, pelo menos, apontam para a existência de conexões muito frágeis.
Estas técnicas são apenas alguns dos muitos possíveis modificadores de informação que se encontram à disposição do designer. Muitas outras técnicas visuais podem ser exploradas, descobertas e empregadas na composição, sempre no âmbito da polaridade acção-reacção: luminosidade, embaçamento; cor, monocromatismo; angularidade, rotundidade; verticalidade, horizontalidade; delineamento, mecanicidade; intersecção, paralelismo.
Em todo o esforço compositivo, as técnicas visuais se sobrepôem ao significado e o reforçam; em conjunto, oferecem ao artista e ao leigo os meios mais eficazes de criar e compreender a comunicação visual expressiva, na busca de uma linguagem visual universal.
DONDIS, Donis A. A sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins Fontes, 1991
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